Primeiro acordo comercial de Trump, inflação ao produtor, reação ao Copom e mais

Os mercados ainda absorvem nesta quinta-feira (8) os desdobramentos das decisões de política monetária anunciadas na véspera por Brasil e Estados Unidos. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano, o maior patamar desde 2006. Já o Federal Reserve (Fed) manteve inalterada a taxa de juros, na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, reforçando a intenção de aguardar sinais mais claros da economia americana antes de realizar ajustes.

Ainda hoje, no Brasil, saem os dados do IGP-DI de abril e dos preços ao produtor de março. Nos Estados Unidos, os destaques são os números semanais de pedidos de auxílio-desemprego e de exportações de grãos.

A temporada de balanços do primeiro trimestre de 2025 (1T25) ganha força com a divulgação dos resultados de empresas de peso na Bolsa brasileira. A Ambev (ABEV3) abre o dia com a publicação de seus números antes da abertura dos mercados. Após o fechamento, será a vez de companhias como Assaí (ASAI3), Azzas 2154 (AZZA3), B3 (B3SA3), Cemig (CMIG4), Cogna (COGN3), Copel (CPLE6), Energisa (ENGI11), Fleury (FLRY3), Hapvida (HAPV3), Itaú Unibanco (ITUB4), Localiza (RENT3), Lojas Renner (LREN3), LWSA (LWSA3), Magazine Luiza (MGLU3), MRV (MRVE3), PetroRecôncavo (RECV3), Petz (PETZ3), Rumo (RAIL3), Suzano (SUZB3) e Totvs (TOTS3).

Nos EUA, o presidente Donald Trump marcou para hoje, às 11h (Brasília), coletiva de imprensa para informar o primeiro acordo comercial fechado pelos EUA.

O que vai mexer com o mercado nesta quinta

Agenda

O presidente Lula participa de jantar oferecido pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, a partir das 19h (horário de Moscou).

Brasil

8h – IGP-DI (abril)

9h – Preços ao produtor (março)

EUA

9h30 – Auxílio-desemprego (semanal)

9h30 – Exportação de grãos (semanal)

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Dow Jones Futuro avança com possível acordo comercial entre EUA e Reino Unido

Trump afirmou que um acordo comercial foi fechado com um importante parceiro

INTERNACIONAL

Primeiro acordo comercial

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou no Truth Social que um acordo comercial foi fechado com um importante parceiro. Os detalhes do anúncio serão divulgados em uma coletiva marcada para às 11h (horário de Brasília), e fontes ouvidas pelo New York Times indicam que o Reino Unido deve ser o país signatário do acordo.

Made in Brasil

Em meio ao tarifaço de Donald Trump, as exportações brasileiras para os Estados Unidos atingiram US$ 3,57 bilhões, alta de 21,9% em relação ao ano passado. Já as importações somaram US$ 3,79 bilhões, crescimento de 14%. O aumento nas exportações pode estar relacionado à antecipação das compras americanas, temerosas dos efeitos das tarifas. As exportações para China, Hong Kong e Macau caíram 6,7%, enquanto as importações cresceram 7,7%. A balança comercial registrou superávit de US$ 8,15 bilhões em abril, com exportações de US$ 30,4 bilhões e importações de US$ 22,25 bilhões.

Encontros

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se nesta quarta-feira (7) com a presidenta do México, Claudia Sheinbaum, para discutir as relações econômicas entre os dois países. Em sua agenda na Cidade do México, também se encontrou com o secretário da Fazenda local, Edgar Amador, e com empresários brasileiros. A visita encerra uma série de compromissos internacionais iniciada no domingo (4). Antes, nos EUA, Haddad apresentou a nova política nacional de data centers a empresários do Vale do Silício e se reuniu com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

Sem facilitar

Trump afirmou que não está disposto a reduzir antecipadamente as tarifas sobre a China para facilitar negociações mais substanciais. Quando questionado se retiraria as tarifas de 145% sobre as importações chinesas, Trump respondeu com um “não”. Seus comentários foram feitos antes de uma reunião entre representantes americanos e chineses na Suíça, para discutir comércio. Trump destacou a grande divisão entre os dois países em relação ao comércio e negou que as negociações tenham sido iniciadas a pedido dos EUA, alegando que antes o país “perdia um trilhão de dólares por ano” para a China.

Cautela

Em dia de manutenção de juros, o Federal Reserve (Fed) reforçou um tom cauteloso, destacando os riscos de aumento do desemprego e da inflação. Economistas estão divididos sobre se o país enfrentará uma recessão, com Claudia Rodrigues do C6 Bank prevendo uma desaceleração econômica, mas não uma recessão, e sugerindo que os juros podem permanecer elevados até o final do ano. Andressa Durão, do ASA, alertou para os riscos de uma recessão devido à incerteza, enquanto Luis Cezario, da Asset 1, acredita que o Fed reduzirá os juros mais rapidamente se a economia entrar em recessão. Gustavo Sung, da Suno Research, prevê desaceleração sem recessão, mas com inflação ainda elevada, o que limita a flexibilidade do Fed.

ECONOMIA

Copom

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira — conforme esperado pela ampla maioria dos economistas e analistas de mercado — elevar a Selic em 0,50 ponto percentual, para 14,75% anuais.

Ranking mundial de juros

O Brasil subiu da quarta para a terceira posição no ranking mundial de juros reais em maio, ficando atrás da Turquia e da Rússia. A taxa de juros brasileira passou de 8,79% para 8,65% ao ano, mas o país subiu na lista devido à queda da taxa da Argentina, que caiu de 9,35% (segunda posição em maio) para 3,92% (oitava posição em junho). O ranking, elaborado pelo Portal MoneYou e pela Lev Intelligence, incluiu 40 países e estimou uma taxa média de 1,6% ao ano.

Superávit

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$8,153 bilhões em abril, queda de 3,3% em relação ao ano anterior. As exportações somaram US$30,409 bilhões (+0,3%), enquanto as importações cresceram 1,6%, totalizando US$22,256 bilhões. As exportações da indústria de transformação tiveram alta de 2,4%, enquanto a agropecuária e a indústria extrativa apresentaram quedas. No acumulado de janeiro a abril, o superávit foi de US$17,729 bilhões, com queda de 34,2% em relação a 2024, devido ao aumento das importações e queda nas exportações.

INSS

O governo federal está preparando uma nova funcionalidade no aplicativo “Meu INSS” para permitir que aposentados e pensionistas contestem descontos indevidos. A iniciativa quer identificar os R$ 6,3 bilhões que não foram autorizados pelos beneficiários, facilitando o reembolso. Para isso, as associações serão responsáveis pelo ressarcimento, caso não apresentem o devido aval dos beneficiários, o que deverá resultar no reembolso dos valores.

POLÍTICA

Vetado

O presidente Lula vetou trechos de um projeto de lei aprovado pelo Congresso que restringiam a divulgação dos salários de juízes e promotores. A proposta, que visava aumentar a segurança do Judiciário, foi criticada por poder reduzir a transparência sobre os gastos públicos. Lula argumentou que a atual Lei Geral de Proteção de Dados já garante a proteção necessária. Além disso, vetou a alocação prioritária de policiais para segurança de oficiais, considerando que isso prejudicaria outras áreas da segurança pública. O Congresso pode derrubar os vetos se obter maioria absoluta.

Agendado

O ministro Alexandre de Moraes agendou para os dias 19 de maio a 2 de junho as audiências para ouvir as testemunhas do núcleo 1 da trama golpista, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro. A lista de depoentes conta com figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, o ex-ministro Eduardo Pazuelo e o senador Rogério Marinho. Bolsonaro é apontado pela PGR como membro-chave nas decisões da tentativa de golpe, ao lado de ex-ministros e outros membros do governo. Após os depoimentos, Moraes deve agendar os interrogatórios dos réus, com julgamento final pela Primeira Turma do STF.

Anistia

Em ato esvaziado, apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) realizaram na quarta-feira (7) uma passeata em Brasília para pressionar pela anistia aos envolvidos na tentativa de golpe. A manifestação começou na Torre de TV e seguiu rumo ao Congresso Nacional, com o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle participando em cima de um carro de som. Embora orientado a evitar aglomerações pela equipe médica após sua recuperação de cirurgia, Bolsonaro compareceu ao evento e convocou seus apoiadores em vídeo.

Requerimento

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, por 44 votos a 18, um requerimento para suspender o processo penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de envolvimento na tentativa de golpe de Estado. O PL argumenta que a suspensão beneficiaria todos os réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O pedido de adiamento foi rejeitado pela base do governo, que considerou a ação inconstitucional, alegando que o artigo 53 da Constituição só se aplica a deputados e senadores. O STF, por meio do ministro Cristiano Zanin, já se manifestou dizendo que a suspensão integral do processo não é viável.

Novo ministro

Frederico Siqueira Filho assumiu oficialmente o cargo de ministro das Comunicações do governo Lula na quarta-feira (07), sucedendo Juscelino Filho, que deixou o cargo após ser denunciado por desvio de emendas parlamentares. Siqueira Filho, ex-presidente da Telebras, agradeceu o trabalho de Juscelino e destacou a continuidade das políticas públicas, com ênfase em projetos como escolas conectadas e a ampliação da infraestrutura de comunicação no norte do Brasil.

Escala 6×1

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, defendeu a redução da jornada de trabalho no Brasil, atualmente fixada em 44 horas semanais. Ele afirmou que a economia está madura para essa mudança e que o modelo atual é “cruel”, especialmente para as mulheres. Marinho também destacou os impactos da jornada extensa na saúde mental dos trabalhadores. A proposta é apoiada pelo presidente Lula, que criticou o sistema de seis dias de trabalho por um de descanso. O tema tramita no Congresso por meio de projetos e uma PEC. A ideia é construir uma transição gradual por meio de diálogo com empregadores e trabalhadores.

Nova legislação

O Senado aprovou na quarta-feira (7) o projeto que prorroga e amplia a lei de cotas raciais em concursos públicos federais. A nova legislação eleva de 20% para 30% o percentual de vagas reservadas para negros e inclui expressamente indígenas e quilombolas. O texto mantém o modelo atual com autodeclaração e bancas de heteroidentificação e segue agora para sanção presidencial. A política, que havia expirado em 2023, foi mantida temporariamente por decisão do STF até a aprovação definitiva pelo Congresso.

Adiada

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado adiou a votação da PEC que extingue a reeleição para cargos do Executivo, após pedido de vista. O relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), encurtou a transição para o fim da reeleição de 2034 para 2030. A proposta também prevê mandatos de cinco anos para deputados, prefeitos e governadores, e de dez para senadores, o que gerou críticas. A unificação das eleições em 2034 é outro ponto da PEC. A reeleição ainda valeria em 2026, com fim gradual até a adoção total das novas regras.

(Com Reuters, Bloomberg e Estadão)

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