Tadala Coin e Trendcoin: brasileiros caem em suposto golpe broxante do mercado cripto

Mais um suposto golpe assombra o mercado de criptomoedas no Brasil e inunda as redes sociais de histórias que broxariam qualquer novo entrante no setor. Trata-se da Tadala Coin, que foi ao ar neste último dia 7 na blockchain da Solana, conforme mostra o Solscan (explorador de blocos da rede).

A memecoin sozinha já detém uma variedade de características típicas que se encontra em um golpe, conforme a plataforma de análise Solsniffer. Contudo, não é a única bandeira vermelha sobre o projeto. A venda dela acontece por meio de uma plataforma que chama-se Trendcoin, bastante famosa nas redes sociais (e não é uma fama boa).

Em resumo, diversos pontos convergem para afirmar que a memecoin seja um golpe, que vai deixar os investidores dela duros. Mas não como promete.

Tadala Coin: a primeira red flag começa na criação

A origem da Tadala Coin, surpreendendo zero pessoas, é a plataforma de cfriação de criptomoedas da Solana, Pump.fun. Após uma equipe anônima lançá-la pela plataforma que facilita a criação de criptomoedas, e ficou famosa por incubar milhares de golpes, explodiu em valorização.

O nome, um trocadilho com o medicamento Tadalafil, usado para tratar disfunção erétil, parecia apenas uma piada viral. Mas o que começou como um meme rapidamente se transformou em um caso preocupante, com relatos de investidores incapazes de sacar seus fundos.

No entanto, pode ser que a culpa em específico deste problema seja outro participante da história, a Trendcoin. É uma exchange brasileira até então desconhecida, que se tornou o principal palco das reclamações.

Tudo começou com um post nas redes sociais. Uma quantidade massiva de propagandas sobre a nova memecoin. Inclusive, supostas páginas de fofocas divulgaram sobre a criptomoeda em forma de conteúdo orgânico.

Contudo, esse movimento geralmente e supostamente acontece na surdina. A página recebe por trás, para fazer propaganda sobre algo de maneira orgânica, e não precisar categorizar como publicidade.

Publicidade no X

No X, antigo Twitter, o influenciador digital conhecido como @L3G3ND7x compartilhou capturas de tela que mostravam seu saldo em Tadala Coin disparando de R$ 27,51 para R$ 38,81 em apenas quatro minutos.

A postagem, publicada à meia-noite, gerou um frenesi imediato. Hashtags como #memecoin1000x e #tadalacoin inundaram o X, evocando o mesmo entusiasmo que catapultou moedas como Dogecoin e Shiba Inu à fama.

Às 00:06, o token atingiu seu auge, com uma valorização que parecia prometer lucros estratosféricos. Mas a euforia durou pouco. Ao final do dia, o mesmo influenciador viu seu saldo despencar para R$ 15,75, uma perda de mais de 50% em relação ao pico.

A análise das imagens revelou outro detalhe intrigante: o número de tokens na carteira do influenciador caiu drasticamente, de 2,34 trilhões para 234 bilhões de TADALA. Essa movimentação sugere grandes vendas ou transferências, que coincidiram com a queda abrupta do preço.

Para os investidores que entraram no calor do momento, a promessa de riqueza instantânea deu lugar à frustração e à suspeita. O que parecia ser apenas mais um memecoin viral começou a exibir sinais de algo muito mais sinistro.

A anatomia de um token sob suspeita

Para entender o que aconteceu, é preciso olhar para a estrutura técnica da Tadala Coin. O token, identificado no explorador Solscan pelo endereço FNZChboeHRFcsv4VS49D1cyki6gENbhf9cpJ82tiPUMP, foi criado na plataforma Pump.fun, conhecida por facilitar o lançamento de memecoins na blockchain Solana com requisitos técnicos mínimos.

Com um supply total de 10 bilhões de tokens, a Tadala Coin alcançou um market cap de US$ 3.120 no seu auge, com um preço unitário de US$ 0.0000003122. Até aí, nada fora do comum para um memecoin. Mas uma análise mais profunda revelou uma série de bandeiras vermelhas.

Primeiro, a concentração de tokens. As 10 maiores carteiras detinham uma parcela significativa do supply total, um indicativo clássico de risco de manipulação de preço ou esquemas de pump-and-dump, onde grandes detentores vendem seus tokens no pico, deixando os pequenos investidores com ativos desvalorizados.

Segundo, os metadados do token — como Nome, símbolo e imagem — são mutáveis, o que significa que podem ser alterados a qualquer momento. Essa característica permite que contratos maliciosos sejam disfarçados com uma aparência inofensiva, enganando investidores menos experientes.

Além disso, os pools de liquidez da Tadala Coin, embora declarados como “queimados” (bloqueados ou destruídos), não apresentam transparência sobre sua origem ou gestão.

A ausência de auditorias independentes agrava o cenário: não há evidências de que o contrato do token foi revisado por terceiros para garantir sua segurança. Por fim, o Snifscore, uma métrica de risco calculada por ferramentas de análise de blockchain, atribuiu à Tadala Coin uma pontuação de 58/100, colocando-a na zona de atenção.

Embora o token tenha desativado funções como mint (emissão de novos tokens) e freeze (congelamento de carteiras), esses fatores combinados sugerem que o risco de manipulação ou bloqueio de saques não pode ser descartado.

Honeypot: um suposto golpe silencioso

Um dos maiores temores no mercado de memecoins é o honeypot, um tipo de golpe em que os investidores podem comprar tokens normalmente, mas são impedidos de vendê-los. Litealmente um pote de mel (tradução de honeypot), que apresenta-se como doce mas é uma armadilha cruel.

A Tadala Coin exibe vários dos sinais típicos de um honeypot em potencial. A centralização extrema do supply, a falta de auditorias e a pontuação mediana no Snifscore são indícios preocupantes.

O contrato do token não indicar um sinal claro de honeypot, mesmo com todo restante de bandeira vermelha. Apesar disso, no Instagram as reclamações de impedimento de saque ou venda seguem. Portanto, essa parte pode ser, supostamente, referente à Trendcoin. A exchange que o próprio site da Tadala Coin indica para adquirir.

O suposto papel da Trendcoin

Com o domínio trendcoin.com.br, a Trendcoin se apresenta como “a maior do Brasil”, alegando ter negociado mais de R$ 3 bilhões, oferecer taxas reduzidas e permitir saques sem limites. Mas uma investigação mais detalhada revela uma realidade bem menos convincente, e reclamações como a abaixo.

Tadala Coin e Trendcoin

A Trendcoin não divulga informações sobre sua equipe, fundadores ou localização física. Não há registros públicos de sua operação junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou ao Banco Central, órgãos que regulam atividades financeiras no Brasil.

A plataforma também não apresenta relatórios de auditoria, proof-of-reserves (comprovação de reservas) ou políticas claras de custódia, elementos essenciais para garantir a segurança dos fundos dos usuários.

Em vez disso, a Trendcoin faz afirmações vagas, como o uso de “algoritmos bancários” e uma suposta “parceria com o COAF” (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), sem qualquer comprovação.

O fato de a Trendcoin listar um ativo como a Tadala Coin, sem evidências de controle de qualidade ou due diligence, é outro sinal preocupante. Em fóruns e redes sociais, como o TikTok, usuários já começaram a questionar a confiabilidade da plataforma, relatando dificuldades em saques e falta de suporte.

A ausência de transparência e a promoção de um token de alto risco como a Tadala Coin colocam a Trendcoin sob suspeita de, no mínimo, negligência — ou, no pior cenário, cumplicidade em um esquema fraudulento.

Anda como golpe, cheira como golpe e fala como golpe

A história da Tadala Coin segue um roteiro clássico de golpes envolvendo memecoins. Primeiro, o token é lançado em uma plataforma acessível, como a Pump.fun, que exige pouca ou nenhuma verificação técnica.

Em seguida, uma campanha de marketing viral, impulsionada por influenciadores e hashtags, cria uma onda de entusiasmo. A valorização inicial, muitas vezes artificial, atrai investidores movidos pelo medo de perder a oportunidade (FOMO).

Quando o preço atinge o pico, os grandes detentores — geralmente os criadores ou insiders — vendem seus tokens, causando um colapso no preço. Os investidores comuns, presos em contratos restritivos ou sem liquidez, ficam com ativos sem valor.

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