Professora de Novo Hamburgo é suspeita de agredir aluno com autismo e ensinar docente a não deixar marcas: “Ele já estava achando normal”

Uma professora de uma Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) de Novo Hamburgo é suspeita de agredir um aluno de 5 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). As ações da mulher teriam sido descobertas após ela tentar ensinar outra educadora a como machucar o menino sem que os ferimentos ficassem aparentes.

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Escola Hugo Hengellman, em Novo Hamburgo | abc+



Escola Hugo Hengellman, em Novo Hamburgo

Foto: Reprodução/Google Maps

A mãe da criança, de 38 anos, relata que ficou sabendo da situação pela direção da Emeb Hugo Hengellman, quando foi chamada para uma reunião no fim de abril deste ano. “Relataram que uma professora denunciou outra [professora] por falar que ia ensinar ela a beliscar meu filho sem deixar marcas”, conta.

A genitora disse que, desde 2024 — quando a suspeita era a principal educadora do menino —, percebia constantes hematomas pelo corpo dele, mas que imaginava serem causados decorrência de comportamentos do próprio menino, como se bater contra objetos. Como o filho é autista não verbal, ela não conseguia confirmar a origem das marcas.

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Neste ano, a suspeita já não era mais professora dele, mas, segundo a mãe, os ferimentos continuavam aparecendo. Contudo, depois que soube da fala da mulher, lembrou que recentemente havia visto a educadora próxima ao menino na biblioteca da escola e, no mesmo dia, notou um hematoma na parte de baixo do braço dele — local onde normalmente percebia pequenos machucados.

“Ele me mostrava o meio do dedinho machucado e eu pensava que era brincando, passava uma pomadinha e vida que segue, mas achava muito estranho porque em casa ele ‘tava’ super bem, e na escola ele mudava totalmente. Aí que comecei a bater as fotos. Quando fiquei sabendo, todos os comportamentos dele começaram a fazer sentido”, aponta.

Ainda no ano passado, a mãe chegou a fazer uma reclamação na escola sobre a forma como a mesma professora, agora suspeita, falava com o filho e com os outros alunos. Além disso, ela ressalta que, desde então, o menino teve muitas mudanças de comportamento e, inclusive, regressão em alguns pontos.

“Como ela fazia para não deixar marcas, [a direção] só ficou sabendo porque ela se sentiu a vontade de falar para outra professora, e essa denunciou para a direção. Caso não tivesse falado, quanto tempo ainda ela faria isso com meu filho?”, questiona.

Agora, a mãe acredita que os machucados do menino possam ter sido causados pela educadora ou mesmo por outras professoras. Um boletim de ocorrência foi registrado por ela na Polícia Civil para que o caso seja investigado. 

“Estamos fazendo todo o possível e tratando ele com muito carinho. Como ela fazia há algum tempo, ele já estava achando uma coisa normal, que ele precisava daquilo. Agora, quando repreendido, ele estende a mãozinha”, expõe a mãe.

Investigações

A delegada Marina Goltz, titular da 2ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, que investiga o caso, afirmou que “o procedimento está sob sigilo”. O motivo da confidência não foi informado e não foram passados mais detalhes sobre a investigação.

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Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Novo Hamburgo disse que, “assim que a Secretaria Municipal de Educação (SMED) tomou ciência dos fatos, chamou a professora para conversar e foi aberto uma sindicância para apurar o que aconteceu, afastando a docente da escola”. 

A mulher trabalhava na rede municipal de educação há cerca de dez anos.

Os nomes não são divulgados para proteger a identidade da criança, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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