Termina primeiro dia de julgamento do homem acusado de matar os quatro filhos no RS; veja como foi

Encerrou no começo da noite desta terça-feira (13) o primeiro dia de julgamento do homem acusado de matar os quatro filhos em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre. A audiência começou por volta das 9 horas e oito testemunhas prestaram depoimento, entre elas a mãe das vítimas, com idades entre 3 e 11 anos, os avós e o delegado da Polícia Civil que realizou as primeiras investigações. 

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Homem é julgado pela morte dos quatro filhos em Alvorada  | abc+



Homem é julgado pela morte dos quatro filhos em Alvorada

Foto: Janine Souza/DICOM-TJRS

De acordo com a denúncia do Ministério Público, o crime foi motivado pela não aceitação do término de relacionamento com a ex-companheira, mãe das vítimas. No dia 13 de dezembro de 2022, as crianças foram encontradas mortas na casa da avó paterna, no bairro Piratini. O acusado, David da Silva Lemos, de 31 anos, encontra-se preso provisoriamente.

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A sessão realizada no Salão do Júri do Foro local é presidida pelo juiz Marcos Henrique Reichelt, da 1ª Vara Criminal Especializada em Júri da Comarca de Alvorada.  O Conselho de Sentença é formado por quatro juradas e três jurados. 

Pela manhã, foram ouvidos um Delegado de Polícia, uma Policial Civil e dois Policiais Militares que estiveram envolvidos na ocorrência. À tarde, prestaram depoimento um Policial Civil, a mãe das crianças e os avós delas.

O delegado Augusto Zenon de Moura Rocha, que comandou as investigações preliminares, no dia do crime, detalhou o que os agentes constataram na ocasião. Segundo o policial, o réu estava inconformado com a separação.

Delegado Augusto Zenon de Moura Rocha foi uma das testemunhas no julgamento do pai acusado de matar os quatro filhos no RS | abc+



Delegado Augusto Zenon de Moura Rocha foi uma das testemunhas no julgamento do pai acusado de matar os quatro filhos no RS

Foto: Janine Souza/DICOM-TJRS

Rocha relatou que as crianças foram mortas uma a uma, enquanto o réu as colocavam para dormir. Logo após ser preso, o pai das vítimas teria justificado o crime por causa de brigas com a ex-companheira, que seriam causadas por supostas traições dela. O delegado disse ainda que o homem estava lúcido e sem sinais de uso de álcool ou drogas, porém emocionado. 

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O acusado confessou que agiu sozinho na morte dos filhos. Três crianças foram encontradas em um quarto da casa, deitadas na cama. A arma usada teria sido uma faca, encontrada no local pelos policiais. A filha caçula foi encontrada em outro cômodo, asfixiada. 

“Jamais imaginei que ele tivesse feito o que fez” 

Na tarde foi a vez da ex-companheira do acusado e dos avós das crianças prestarem depoimento. A mãe das quatro crianças, de 28 anos, disse que ficou “sem chão” com a morte dos filhos. Ela começou a oitiva relatando como ao magistrado sobre os 11 anos de relacionamento com o pai das vítimas. De acordo com a mulher, o réu era muito possessivo e ciumento. Ela contou que tinha medo dele, inclusive que fizesse ela perder um dos empregos. 

Mãe das quatro crianças mortas pai em Alvorada prestou depoimento nesta terça-feira (13) | abc+



Mãe das quatro crianças mortas pai em Alvorada prestou depoimento nesta terça-feira (13)

Foto: Janine Souza/DICOM-TJRS

A mulher disse que uma agressão física três meses antes dos assassinatos motivou o término do relacionamento. Ela chegou a ter uma medida protetiva deferida conta ele, porém eles reataram o relacionamento. “Mas eu fiz isso por medo (sobre voltar com o ex)”, afirmou. Para ela, o uso de drogas por parte do acusado piorou a situação entre eles. 

Em seguida, a mãe das vítimas detalhou os fatos ocorridos no final de semana em que os filhos foram para a casa da avó paterna com o réu e que culminaram na morte deles. Conforme a mulher, como as crianças não voltaram para casa na segunda-feira, como haviam combinado, ela e o genitor discutiram. Chegaram a combinar um encontro para que ele entregasse os filhos, o que não aconteceu. 

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A demora no retorno aumentou a preocupação e os questionamentos sobre o paradeiro dos filhos. “Mas eu jamais imaginei que ele tivesse feito o que fez”, desabafou. A mãe relatou que conversou com a ex-sogra por telefone, na terça-feira, e que pediu para ir buscar as crianças. Ao chegar no local, sobre das mortes. “Eu só queria que os meus filhos saíssem lá de dentro e fossem embora comigo. E não foi isso que aconteceu”, lamentou. 

Também foram ouvidos o avô materno e a avó paterna das vítimas. Ele descreveu como era o relacionamento da família, afirmou que foi uma surpresa o ocorrido, pois acreditava que o ex-genro pudesse fazer algo contra a companheira, e não contra as crianças. Disse que sempre procurou apoiar e respeitar as decisões da filha. Já a mãe do réu, pediu para ser ouvida sem a presença do público.

O julgamento será retomado nesta quarta-feira (14), a partir das 9 horas, com a sequencia de depoimentos.  Serão ouvidas ainda duas testemunhas e uma perita, além de interrogado o réu. A previsão é que o júri dure três dias, encerrando na quinta-feira (15). 

Atuam na acusação os promotores de justiça Plínio Castanho Dutra e Leonardo Rossi e a promotora de justiça Daniela Fistarol. Na Assistência de acusação, a advogada Gabriela Souza. A defesa técnica é realizada pelas advogadas Thaís Constantin e Deise Dutra e pelo advogado Marçal Carvalho.

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