Feira reúne ceramistas em Novo Hamburgo e busca incentivar mercado crescente na região

Valorizar um trabalho manual, que produz peças únicas. Este foi um dos objetivos da Feira de Cerâmica, realizada neste sábado (17) no Centro Municipal de Cultura de Novo Hamburgo. A Jornada Casa Cerâmica, organizada pela entidade de mesmo nome e sediada em Porto Alegre, busca aproximar os ceramistas do público, além de proporcionar um espaço de troca e estudo para os profissionais.

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Jornada Casa Cerâmica movimentou o Centro de Cultura de Novo Hamburgo neste sábado | abc+



Jornada Casa Cerâmica movimentou o Centro de Cultura de Novo Hamburgo neste sábado

Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

A feira começou por volta das 10 horas e, além da exposição de peças, teve oficinas, palestras e demonstrações ao vivo de técnicas de produção. “Sentia dificuldade de ter espaços qualificados para mostrar o trabalho do ceramista e mesmo uma espécie de descompasso entre a visão do público em geral, que não enxerga o Rio Grande do Sul como um polo cerâmico”, explica a coordenadora do projeto Jornada Casa Cerâmica, Michelle Bloedow.

Michelle começou a se formar como ceramista em 2008 e, de lá para cá, conseguiu encontrar polos de desenvolvimento do mercado ceramista em Porto Alegre, Serra e Vale do Sinos. Foi analisando estas regiões produtoras e consumidoras que ela decidiu trazer para Novo Hamburgo o evento que já tinha passado pela Capital e por Caxias do Sul. “Aqui nessa região temos um grande polo produtor de cerâmica. Ali na Scharlau [bairro de São Leopoldo] temos dezenas de ateliês tradicionais”, resume Michelle.

Profissão e paixão

Natural de Foz do Iguaçu, no Paraná, Wen He, de 27 anos, vive em Novo Hamburgo e foi em São Leopoldo que começou a estudar cerâmica. E foi dos estudos para o negócio próprio. “Comecei fazendo cerâmica como hobby e eu me apaixonei completamente. Mais ou menos um ano atrás, comecei a vender as minhas peças e criei a marca. Agora estou participando de feiras, tentando divulgar”, relata.

Wen He fez do gosto pela cerâmica um negócio | abc+



Wen He fez do gosto pela cerâmica um negócio

Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

“Às vezes existe uma percepção de preço que não entende o valor da cerâmica. Não entende que aquele copinho para ficar pronto demorou 60 dias, em um forno especial, e fica comparando isso com algo que encontra num bazar”, explica a também ceramista.

Wen sintetiza este trabalho, ao mesmo tempo que resume o que fez ela se dedicar exclusivamente a este ofício: “Ver o processo todo, a gente transforma o barro em qualquer peça, eu transformo o barro em peças utilitárias. Acho que todo esse processo é muito mágico”, relata.

Em busca da referência

Divulgar o trabalho de ceramistas vai além de simplesmente aproximar artistas do público, mas também carrega o desejo de fazer com que o Rio Grande do Sul possa ser reconhecido como referência na produção de cerâmica no País.

“Acho que é um bom momento do público em geral saber que temos esse grau de excelência. Nós temos excelência em vinhos, temos excelência em carne, e também temos excelência em cerâmica.”

Para quem, como Wen, busca seu lugar no mercado de cerâmica, eventos como o deste sábado são fundamentais para fomentar o trabalho e aproximar ao público. Wen destaca que um dos fatores positivos é conseguir mostrar aos interessados como cada uma das peças são únicas.

“Faço o que eu gosto, acho que as minhas peças traduzem muito da pessoa que eu sou, os meus gostos, eu coloco isso nas minhas peças, mas eu acho que não tem uma forma secreta, mágica para fazer isso estar certo”, relata ela sobre a relação com o trabalho, chegando a mostrar como duas canecas que “deveriam” ser iguais, mas em razão do trabalho manual guardam diferenças sutis entre cada uma.

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