Policial demitido chamou delegado de “playboy” e “comédia”

Conduzido à delegacia por espancar uma garota de programa, em janeiro deste ano, o policial civil Ricardo Soubhi Saba, de 45 anos, se recusou a entregar sua arma e passou a ameaçar seus colegas de profissão. “Isso não vai ficar assim. Quando eu sair daqui, eu vou resolver com vocês, isso não vai ficar de graça”, teria dito. O policial ainda teria chamado o delegado Rui Fellipe Silva, da Corregedoria da Polícia Civil, de “covarde”, “playboy” e “comédia”.

Na semana passada, Ricardo Saba foi demitido da instituição, em despacho assinado pelo Secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. O policial, que atuava como agente de telecomunicações, está preso desde o início do ano, aguardando o desfecho do processo. Ele responde por lesão corporal.

Sobre as agressões à garota de programa, Ricardo afirma que agiu em legítima defesa e que ela teria roubado seu cartão de crédito. Segundo a defesa, o policial seria paciente psiquiátrico e, além de estar alcoolizado e sob o efeito de cocaína, teria sido dopado com um comprimido “boa noite Cinderela”.

O espancamento ocorreu em um hotel na Rua Augusta, no centro de São Paulo. Inicialmente, Ricardo e a vítima teriam combinado que o policial pagaria pelos serviços da acompanhante de acordo com o tempo que eles ficassem juntos.

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Quarto de hotel onde teriam ocorrido agressões

Quarto de hotel onde teriam ocorrido agressões
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Janela por onde garota de programa teria pulado

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Quarto de hotel onde teriam ocorrido agressões

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Quarto de hotel onde teriam ocorrido agressões

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Após passarem mais de um dia no hotel, ele teria ficado agressivo, se recusando a efetuar novos pagamentos, o que teria feito a vítima ir embora.

Já fora do hotel, ela telefonou para o quarto dizendo que havia esquecido um chinelo. O policial teria então passado a acusá-la de ter roubado seu cartão de crédito. Ela afirma que, diante disso, decidiu voltar. Foi nesse momento, segundo ela, que começaram as agressões.

Ricardo teria desferido diversos tapas e chutes, empurrando a mulher da escada. Para escapar, ela pulou pela janela do quarto.

O homem ainda teria quebrado o nariz do proprietário do estabelecimento com um soco, exigindo ter acesso às imagens das câmeras de segurança: “Sou polícia, vou acabar com você”.

“Boa noite Cinderela”

A defesa de Ricardo Soubhi Saba afirma que ele, na verdade, foi vítima de um golpe de “boa noite Cinderela”. Seus advogados afirmam que o policial teria sido drogado pela garota de programa, para que ela pudesse roubá-lo.

Em pedido de relaxamento da prisão preventiva, a defesa alega que Ricardo tinha apenas “a intenção deste de reaver o seu pertence, em clara legítima defesa própria de seu patrimônio”.

“É bem verdade que, para a decretação da prisão preventiva não se exige a mesma certeza inerente à sentença penal condenatória, mas, por outro lado, devem haver mínimos indícios de crime que autorizem a medida cautelar em questão, indicando-se, ao menos em tese, a probabilidade de condenação, o que não se verifica na espécie”, afirma o advogado no pedido negado pela Justiça.

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