Dólar abre estável com gripe aviária, Haddad e corte de nota dos EUA

O dólar operava em leve alta nesta segunda-feira (19/5), em um dia no qual os investidores repercutem os desdobramentos do primeiro caso de gripe aviária registrado em uma granja comercial no Brasil, além do rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos.


Dólar

  • Às 9h12, a moeda norte-americana avançava 0,04% frente ao real e era negociada a R$ 5,671, praticamente estável.
  • Na última sexta-feira (16/5), o dólar fechou em queda de 0,19%, cotado a R$ 5,668.
  • Com o resultado, a moeda dos EUA acumula perdas de 0,15% no mês e de 8,27% no ano.

Gripe aviária

No cenário doméstico, os investidores acompanham os impactos da notícia do primeiro registro de gripe aviária em uma granja comercial brasileira sobre o mercado, com efeitos, principalmente, nas ações ligadas ao setor do agronegócio.

Nesse domingo (18/5), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que investiga duas novas suspeitas de foco de gripe aviária (H5N1) no país. Os casos em análise estão no Rio Grande do Sul e no Tocantins.

Uma das apurações envolve uma propriedade de subsistência que fica no raio de 3 quilômetros da granja comercial em Montenegro (RS), onde surgiu o primeiro foco da doença em aves no país.

A notícia do primeiro caso de gripe aviária no Brasil foi divulgada pelo Mapa na última sexta-feira. Também foi identificado um foco de gripe aviária no zoológico de Sapucaia do Sul (RS), na Região Metropolitana de Porto Alegre. Lá, houve a morte repentina de 38 cisnes e patos, e o local acabou fechado para visitação.

Depois disso, oito países e a União Europeia suspenderam as compras de proteína de frango do Brasil.

Já houve a coleta de amostras para exames, e o material está em trânsito para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo, no município de Campinas (LFDA-SP). A previsão é de que o resultado preliminar saia no fim desta segunda-feira.

Na granja comercial de Montenegro, ocorreu o descarte de todas as aves e ovos, e o local passa por um trabalho de limpeza e desinfecção das instalações. O Mapa afirma ter rastreado e providenciado a destruição de todos os ovos que saíram do estabelecimento.

Em Minas Gerais, o governo descartou 450 toneladas de ovos.

O segundo caso que está em investigação no Brasil é do município de Aguiarnópolis (TO), na divisa com o Maranhão. O Mapa afirmou, em nota, que uma análise preliminar constatou se tratar de um dos tipos de influenza. No entanto, ressalvou haver “baixa probabilidade de se tratar de amostra de alta patogenicidade (IAAP), tendo em vista as características epidemiológicas, laboratoriais e clínicas observadas na investigação”.

A IAAP é uma das maneiras pelas quais o ministério se refere à gripe aviária. Na suspeita de Tocantins, amostras estão em análise laboratorial, e “medidas de controle de trânsito adotadas, com manutenção da situação sob controle e vigilância adequados”.

Em nota divulgada à imprensa, o Mapa informou ser uma tendência o possível aumento nos casos em investigação.

“Em casos onde emergências são declaradas, o sistema fica sensibilizado, e o número de investigações tende a aumentar em um primeiro momento, o que reforça a robustez do sistema de Defesa Agropecuária do Brasil”, diz trecho da nota.

Moddy’s corta nota dos EUA

No cenário internacional, o mercado repercute o rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody’s, uma das três principais agências de classificação de risco do mundo.

A avaliação da economia norte-americana, a mais poderosa do planeta, caiu um nível, passando de “AAA” para “AA1”. Ela também teve a perspectiva alterada de “negativa” para “estável”. A mudança ocorreu na sexta-feira.

As agências de risco são empresas privadas que avaliam a saúde financeira de países e empresas. Com base em critérios como juros, dívida, capacidade fiscal e outros, as agências concedem uma nota de crédito.

Trata-se de uma classificação que indica confiança de que um país, uma empresa ou uma entidade financeira honrará seus compromissos.

O rebaixamento, de acordo com a Moody’s, foi resultado do aumento de mais de uma década da dívida do governo norte-americano (que se aproxima da marca de US$ 37 trilhões) e dos juros para níveis “significativamente mais altos do que os de soberanos (outros países) com classificação semelhante”.

“As sucessivas administrações e o Congresso dos EUA falharam em chegar a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos crescentes de juros”, afirmou a agência, por meio de comunicado.

A Moody’s foi a última entre as principais agências de risco do mundo a manter a classificação máxima AAA para a dívida soberana dos EUA embora tenha rebaixado a perspectiva para negativa no fim de 2023. A Standard & Poor’s cortou a nota dos EUA em 2011 e a Fitch, em 2023.

A nota dos EUA caiu do nível mais alto (numa escala de 21 “degraus”), mas permanece em patamar elevado. Ela passou do “prime”, para “high grade”. Com isso, a economia norte-americana deixou o grupo onde ainda estão Alemanha, Dinamarca e Noruega, mas passou ao patamar de Áustria e Finlândia.

Na sexta-feira, o diretor de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung, criticou a decisão da Moody’s e o economista Mark Zandi, que pertence à agência de risco. “Ninguém leva a ‘análise’ dele a sério. Ele já foi desmentido inúmeras vezes”, escreveu Cheung, em seu perfil no X.

Haddad e Galípolo em São Paulo

Outro destaque da agenda econômica nesta segunda-feira é a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em um evento promovido pelo Goldman Sachs, em São Paulo.

Na semana passada, em Brasília, o ministro da Fazenda negou a existência de um novo pacote fiscal. Segundo ele, o governo federal apresentará apenas medidas para garantir o cumprimento da meta fiscal deste ano, dentro das regras do arcabouço fiscal – como é chamada a nova forma de controle de endividamento público brasileiro.

“Não dá nem para chamar de pacote, porque são medidas pontuais, nenhuma de escala, voltadas exclusivamente para o cumprimento da meta fiscal”, disse o ministro.

O titular da Fazenda afirmou que o governo estuda medidas voltadas “exclusivamente para o cumprimento da meta fiscal”. A meta fiscal para 2025 é de déficit zero — equilíbrio entre despesas e receitas —, com banda que permite um déficit de até R$ 31 bilhões.

Haddad também negou que haja demandas ou estudos de ampliação do Orçamento para o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), a fim de bancar uma possível ampliação do Bolsa Família. Nos últimos dias, circulou a informação de que o programa assistencial seria aumentado para o valor mensal de R$ 700 a partir de janeiro de 2026.

“Não tem demanda, estudo, pedido de orçamento para o MDS, zero”, disse Haddad a jornalistas. Ele afirmou que também não há demandas em relação a outros ministérios.

“O Orçamento do MDS é esse, está consignado, não há da parte do MDS pressão sobre área econômica para absolutamente nenhuma iniciativa nova. Isso vale para os demais ministérios também, não há demanda de espaço fiscal para projetos novos, e é isso, eu vim esclarecer isso, porque eu estou vendo circular uma série de coisas que não procedem.”

Bolsa de Valores

As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.

Na sexta-feira, o Ibovespa fechou o pregão em baixa de 0,11%, aos 139,1 mil pontos, após bater o recorde histórico de pontuação no dia anterior.

Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 3,05% em maio e de 15,72% em 2025.

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