Deputado que orou por Lula diz que aceno do PT a fiéis é “ridículo”

O pastor e deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), um dos líderes da bancada evangélica na Câmara, criticou a iniciativa do PT de lançar o curso online “Fé e Democracia para a Militância Evangélica Brasileira” para aproximar o partido de um dos segmentos mais refratários à legenda e ao presidente Lula. Organizado pela Fundação Perseu Abramo, o conteúdo do programa será direcionado a filiados, dirigentes, militantes petistas e lideranças sociais e religiosas do meio evangélico.

“Essa é a prova cabal de que o PT entende de igreja tanto quanto eu entendo de sindicatos. É um movimento ridículo, que não vai gerar resultado eleitoral. O voto da igreja se baseia em princípios e valores. E o PT é visto como o partido que se opõe aos valores conservadores que orientam grande parte da sociedade brasileira. Não adianta o Lula falar que é contra a ideologia de gênero se o governo trabalha a favor dessa temática”, declarou o deputado.

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O parlamentar assumiu a coordenação do núcleo evangélico da pré-campanha presidencial de Ronaldo Caiado para 2026

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Otoni de Paula declarou que a defesa dos valores e principios cristão que regem a maior parte da sociedade brasileira aproximam a igreja do ex-presidente Jair Bolsonaro

Michel Jesus/Câmara dos Deputados

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O parlamentar assumiu a coordenação do núcleo evangélico da pré-campanha presidencial de Ronaldo Caiado para 2026

Reprodução

Otoni de Paula foi alvo de críticas de lideranças evangélicas após fazer uma oração pelo presidente Lula durante a cerimônia de sanção da lei que criou o Dia Nacional da Música Gospel, em outubro de 2023. Ao comentar o episódio, o deputado afirmou que o gesto foi mal interpretado. “Vivo a dicotomia de ser político e pastor. Posso criticar o Lula como político, mas, como pastor, tenho o dever de orar por ele, pois é o presidente do Brasil. Hoje, se um pastor ora pelo Lula, é quase visto como um amaldiçoado. Ora, se o Lula está endemoniado, é papel da igreja expulsar esse demônio.”

Sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado reconheceu aspectos controversos de sua conduta pessoal, mas destacou o alinhamento com valores defendidos por parte do eleitorado evangélico. “Embora fale dois palavrões a cada dez palavras e esteja no quarto casamento, ele representa princípios que se sobrepõem às atitudes pessoais e até aos programas sociais do PT”, disse.

Ele ainda afirmou que o eleitorado evangélico tem forte presença nas camadas mais populares e vota guiado por convicções morais. “Nós, da igreja, falamos com as classes D e E. Dialogamos com a base da pirâmide social. A grande maioria dos fiéis está antenada. Tanto é verdade que o voto em Bolsonaro se deu com base em princípios e valores.”

Após transitar entre a base bolsonarista e ensaiar um movimento de aproximação com o governo, o deputado Otoni de Paula consolidou uma aliança com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), assumindo a coordenação do núcleo evangélico da pré-campanha presidencial de Caiado para 2026.

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