Acesso de Israel à ajuda em Gaza é insuficiente e ofensiva precisa parar, diz França

PARIS (Reuters) – A flexibilização do acesso à ajuda humanitária a Gaza por parte de Israel é insuficiente, disse o ministro das Relações Exteriores da França na terça-feira (20), alertando seu aliado de que a nova ofensiva em Gaza tem que parar ou haverá consequências.

Enfrentando uma pressão crescente sobre um bloqueio de ajuda que impôs em março e o risco de fome, Israel aliviou na segunda-feira (19) o bloqueio e permitiu a entrada de quantidades limitadas de alimentos em Gaza.

Mas também intensificou sua campanha militar no enclave, onde autoridades de saúde palestinas disseram que centenas de pessoas foram mortas em ataques na última semana, incluindo 50 na terça-feira, depois de 130 durante a noite de domingo para segunda-feira.

“Ela (a situação) é insustentável porque a violência cega do governo israelense e o bloqueio da ajuda humanitária transformaram Gaza em um lugar para morrer, para não dizer um cemitério”, disse Jean-Noel Barrot à rádio France Inter.

A campanha israelense, desencadeada depois que militantes islâmicos do Hamas atacaram comunidades israelenses em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, devastou Gaza e expulsou quase todos os seus dois milhões de habitantes de suas casas. A ofensiva matou mais de 53.000 pessoas, muitas delas civis, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza.

Cinco caminhões da ONU que transportavam ajuda humanitária, incluindo alimentos para bebês, foram autorizados a entrar em Gaza pela passagem de Kerem Shalom na segunda-feira.

“Isso é completamente insuficiente”, declarou Barrot. “Tudo isso precisa acabar. Não podemos fechar os olhos para o sofrimento dos habitantes de Gaza. Essa ajuda deve ser imediata, maciça e sem qualquer impedimento.”

Em uma rara declaração com palavras fortes, os líderes de Reino Unido, Canadá e França ameaçaram na segunda-feira tomar medidas concretas contra Israel se o país não interromper a nova ofensiva militar em Gaza e suspender as restrições à ajuda, aumentando ainda mais a pressão sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

No entanto, eles não definiram quais ações poderiam ser tomadas e os diplomatas disseram que os países permanecerão prudentes, dada sua estreita parceria estratégica com Israel na região.

As relações entre França e Israel azedaram nos últimos meses, com Paris adotando uma postura cada vez mais rígida em relação aos acontecimentos em Gaza e sugerindo que poderia reconhecer um Estado palestino em uma reunião em Nova York no dia 18 de junho, dependendo de certas condições, atraindo a ira de Netanyahu.

Na segunda-feira, Netanyahu criticou os três líderes.

“Ao pedir que Israel encerre uma guerra defensiva pela nossa sobrevivência antes que os terroristas do Hamas em nossa fronteira sejam destruídos e ao exigir um Estado palestino, os líderes em Londres, Ottawa e Paris estão oferecendo um enorme prêmio pelo ataque genocida a Israel em 7 de outubro, ao mesmo tempo em que convidam a mais atrocidades como essa”, disse ele no X.

(Reportagem adicional de Dominique Vidalon e Charlotte Van Campenhout)

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