Lei Anti-Oruam chega a Novo Hamburgo: Câmara veta uso de dinheiro público em eventos com apologia ao crime

Por maioria de votos, a Câmara Municipal de Novo Hamburgo aprovou, nesta quarta-feira (21), um projeto de lei que proíbe a utilização de recursos públicos em eventos abertos a crianças e adolescentes que façam apologia ao crime, à violência e às drogas. A proposta, de autoria do vereador Juliano Souto (PL), segue agora para sanção do prefeito.

CLIQUE AQUI PARA FAZER PARTE DA COMUNIDADE DE NOVO HAMBURGO NO WHATSAPP

Câmara veta uso de dinheiro público em eventos com apologia ao crime | abc+



Câmara veta uso de dinheiro público em eventos com apologia ao crime

Foto: Reprodução

O projeto faz parte de um movimento que tem se espalhado por diversas cidades brasileiras, conhecido como “Lei Anti-Oruam”. A medida surgiu inicialmente em São Paulo, proposta pela vereadora Amanda Vettorazzo (UB), integrante do Movimento Brasil Livre (MBL). Ela criou inclusive o site leiantioruam.com, que oferece suporte a parlamentares interessados em adotar iniciativas semelhantes. Até o momento, segundo o site, projetos desse tipo já foram protocolados em 12 capitais.

LEIA MAIS: Sindicância denuncia abuso de vereador de Novo Hamburgo em visitas polêmicas a UPAs

O nome da lei faz referência direta ao rapper Oruam — nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, filho de Marcinho VP, um dos chefes da facção criminosa Comando Vermelho, preso por crimes como tráfico, assassinato e formação de quadrilha. Oruam tem tatuagens em homenagem ao pai e ao traficante Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.

O que diz a proposta

O texto aprovado em Novo Hamburgo, com 11 votos favoráveis e dois contrários, veda o financiamento, direto ou indireto, de qualquer evento que envolva artistas, shows ou manifestações que façam, segundo a redação, apologia ao crime, às facções ou às drogas.

“O projeto é muito simples. A ementa dele já fala tudo. Estamos protegendo nossas crianças, adolescentes e jovens de vagabundos que vêm à nossa cidade fazer apologia ao crime”, afirmou o autor da proposta, vereador Juliano Souto (PL). Ele pediu ainda apoio dos colegas parlamentares para, nas palavras dele, “proteger a cidade de pseudoartistas que vêm aqui para fazer o mal”.

Votos contrários e críticas

Os dois votos contrários vieram da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT). A vereadora Professora Tita (Luciana Martins) (PT) questionou a legalidade da medida, destacando parecer da Procuradoria da Câmara que indicou parcial juridicidade do texto.

CLIQUE AQUI PARA ENTRAR NA COMUNIDADE DO ABCMAIS NO WHATSAPP

“Essa matéria não deveria sequer estar aqui, porque já há legislação federal que trata do tema”, afirmou. O vereador Enio Brizola (PT) reforçou a crítica: “Nenhum gestor, em sã consciência, vai contratar um espetáculo que promova o crime ou o tráfico de drogas”.

Já o vereador Joelson de Araújo (Republicanos) saiu em defesa do projeto, argumentando que a proposta busca proteger crianças e jovens. “Nossos jovens e nossas crianças precisam ser defendidos. Esse projeto vem para garantir que o errado não prevaleça”, afirmou.

Como será a aplicação

De acordo com o texto, a prefeitura deverá fazer uma análise prévia dos conteúdos — como músicas e shows — antes de aprovar qualquer recurso público. Caso haja descumprimento, as penalidades incluem:

  • Cancelamento imediato do contrato, sem direito a indenização;
  • Multa equivalente a 100% do valor do contrato, revertida para os cofres públicos do município.

Além disso, a população poderá denunciar possíveis irregularidades por meio da Ouvidoria Municipal.

Se sancionada, a lei entra em vigor em 90 dias após sua publicação e passa a valer para todos os eventos contratados ou patrocinados pela administração pública de Novo Hamburgo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.