AUMENTO PENIANO: Homem quase perde pênis e bolsa escrotal após aplicação substância no órgão genital

Nada de ácido hialurônico ou harmonização. Nos anos 2000, as propagandas prometiam o aumento peniano. Elas levaram um homem, hoje com 40 anos, a procurar pelo procedimento que prometia ótimos resultados. No entanto, a intervenção levou-o a quase perder o pênis.

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Procedimento de aumento peniano foi feito com aplicação de PMMA

Foto: Freepik

Em 2007, o homem saiu de Brasília, no Distrito Federal, para São Paulo, para realizar um procedimento que prometia um resultado mais rápido. “Era em um lugar meio escondido, mas, como tinha esse desejo, não verifiquei se o profissional era médico ou sua formação, nem qual produto seria utilizado”, disse ele ao portal de notícias Metrópoles.

No local, foi aplicado polimetilmetacrilato (PMMA), um componente plástico e inabsorvível. Atualmente, já se sabe que há riscos em aplicar a substância para fins estéticos, o que pode causar complicações que podem levar a pessoa à morte. Mas nos anos 2000, isso não era algo amplamente discutido.

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Quando os problemas começaram

O homem contou ao Metrópoles que ficou muito satisfeito com o resultado do procedimento feito em 2007. Tanto que, após alguns anos, resolveu que voltaria para repetir a aplicação. Algum tempo depois da segunda, ele decidiu aplicar pela terceira vez o PMMA no pênis. Desta vez, com uma outra pessoa.

Desta vez, este outro profissional sugeriu que o homem fosse além: aplicando também na bolsa escrotal. Para deixá-lo mais tranquilo, ele afirmou que fazia o mesmo no próprio corpo. “Aí começou o meu problema”, disse.

As complicações começaram cerca de dois anos após a aplicação na bolsa escrotal, quando o organismo passou a rejeitar o produto. Isso levou a inflamações recorrentes, fazendo com que o homem tomasse corticóides com frequência.

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O homem começou uma busca por profissionais que pudessem retirar o produto sem que ele perdesse parte do órgão. “Descobri como era desafiador conseguir um especialista que encarasse o desafio”, afirmou.

A aplicação de PMMA é definitiva, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). Isso porque, para ser retirado, é preciso remover os tecidos que foram preenchidos com ele, “O que pode resultar em danos estéticos significativos e deformações”, afirma o conselho.

Retirada do PMMA

Foi somente em 2024 que o homem encontrou um médico cirurgião que topasse retirar o PMMA do saco escrotal. Ao consultar com o urologista Ubirajara Barroso, da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o homem foi questionado se não gostaria de fazer a retirada da substância também do pênis, mas recusou, segundo o Metrópoles.

“Ele conseguiu reconstruir minha bolsa escrotal e achei que não teria mais complicações”, afirmou o homem. Entretanto, atualmente, a substância que está no pênis começou a causar prejuízo. 

Ele explicou ainda que tudo começou com um machucado: “Sou corredor e durante a prática, pelo atrito, acabei tendo uma pequena ferida no órgão. Essa ferida não cicatrizava e, quando notei isso, percebi que precisaria de uma nova intervenção cirúrgica.”

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Parte da pele do pênis do homem estava necrosada, segundo o urologista afirmou ao portal de notícias. Apesar de desafiador, ele conseguiu retirar boa parte do PMMA, junto com o tecido. Entretanto, isso deixou o órgão com uma deformidade local.

“O que nós fizemos foi retirar todo o material inflamado, o que estava lá que poderia inflamar no futuro também, e reconstruímos o pênis do ponto de vista estético”, explicou.

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Existe aumento peniano?

Sobre o procedimento, o homem diz se arrepender. “Hoje percebo como me enganei com aquelas ofertas de uma solução mágica”, disse. Agora, ele busca alertar outros homens para a importância de procurarem bons profissionais ao querer fazer um procedimento tão invasivo.

Atualmente, diversos procedimentos novos que prometem o aumento, engrossamento e até harmonização do pênis estão viralizando nas redes sociais. Entretanto, o SBU alerta que “até o momento, não existe procedimento efetivo para aumentar o comprimento do pênis”.

Ainda, essas intervenções para o aumento do pênis são consideradas experimentais pelo CFM. “Se você considera a realização de um procedimento como este, converse com um urologista afiliado à Sociedade Brasileira de Urologia e discuta abertamente sobre suas expectativas, riscos e possíveis complicações”, alerta a SBU.

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Os riscos do PMMA

Em janeiro deste ano, o CFM pediu pela proibição do uso do PMMA como substância de preenchimento no Brasil, independente do motivo. Além da aplicação ser definitiva, ele afirma que “é impossível prever quais indivíduos serão suscetíveis a essas reações e quando elas poderão ocorrer”. 

Isso porque, enquanto algumas complicações acontecem logo após a aplicação da substância, a maioria é tardia, “podendo manifestar-se a qualquer tempo, mesmo anos após a aplicação”. A Diretoria da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) apoia o pedido do CFM.

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Alguns dos riscos da aplicação de PMMA são edemas, insuficiência renal aguda, infecção, necrose, alterações cutâneas, entre outras, podendo levar até a morte. Geralmente, começam a surgir após cerca de 30 dias do procedimento, conforme um artigo publicado na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica em 2024, que revisou 587 casos de complicações após aplicação da substância.

Atualmente no Brasil, ele não é recomendado para fins estéticos. Apenas dois tipos da substância são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): o Linnea Safe e o Biossemetric, ambos para preenchimento de locais específicos, em casos de lipoatrofias após tratamentos contra o HIV ou sequelas da poliomielite.

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