Por que Bolsonaro vai a audiências no STF apesar de não ser obrigado?

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem chamado a atenção nesta semana por estar acompanhando os depoimentos concedidos por testemunhas ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ação penal contra ele que apura possíveis crimes cometidos pelo chamado núcleo 1 de denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

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As oitivas são realizadas por videoconferência, em que Bolsonaro pode participar como ouvinte por ter feito cadastro para isso. As audiências marcadas pelo relator o processo, ministro Alexandre de Moraes, ocorrem todas de forma virtual até o dia 2 de junho.

8 imagensO ex-presidente Jair BolsonaroJair Bolsonaro em manifestação em BrasíliaO ex-presidente Jair Bolsonaro em manifestação em BrasíliaJair Bolsonaro é filiado ao PLEx-presidente Jair Bolsonaro durante atoFechar modal.1 de 8

Ex-presidente foi ao ato apesar de estar recém-operado

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O ex-presidente Jair Bolsonaro

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Jair Bolsonaro em manifestação em Brasília

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O ex-presidente Jair Bolsonaro em manifestação em Brasília

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Jair Bolsonaro é filiado ao PL

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Ex-presidente Jair Bolsonaro durante ato

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Jair Bolsonaro cumprimenta pessoas

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Bolsonaro em ato pela anistia

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Na última quarta-feira (21/5), foi ouvido o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior. Durante o depoimento, Baptista confirmou que o ex-comandante do Exército general Freire Gomes ameaçou prender o ex-presidente caso ele insistisse em aplicar uma operação de Garantia da Lei e Ordem (GLO) e assinar uma “minuta do golpe” para tentar reverter sua derrota eleitoral.

O cientista político pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), João Felipe Marques, elucida que a principal bandeira do Bolsonaro no período eleitoral foi o combate à corrupção e a ficha limpa. Na leitura de Marques, o fato do ex-presidente ser militar é esperado que não haja um comportamento de “traição” ou “deserção”, deixando de seguir o processo judicial. “Além disso, a aparição nesses processos é uma forma de, também, reforçar com o seu eleitorado a narrativa de perseguição ou ativismo judicial cometidos pelos juízes”, traz o cientista político.

“Com a saúde debilitada, Bolsonaro tenta se mostrar forte e resiliente, e comparecer às sessões é uma forma de fazê-lo. Ao mesmo tempo, sua presença funciona como uma estratégia simbólica de enfrentamento, que o coloca como protagonista mesmo num contexto desfavorável”, traz João Felipe Marques.

O cientista político Nauê Bernardo Azevedo também entende que Bolsonaro está tentando passar um recado com a presença nas audiências, principalmente aos seus aliados e apoiadores. “O ex-presidente está tentando dar um recado de que está presente e que enfrentará as acusações, inclusive estando frente a frente com as testemunhas dos atos apontados a ele”, esclarece.

João Felipe Marques entende que Bolsonaro ocupa o espaço da acusação para reposicionar-se como vítima, mantendo-se no centro do debate político e midiático. “Comparecer, portanto, não é só uma escolha de foro pessoal ou jurídico, mas um gesto que alinha disciplina militar, comunicação e a destaque do seu papel de liderança diante da base”, finaliza.

Bolsonaro é um dos 31 réus no inquérito da trama golpista.

Confira todos os réus:

Núcleo 1

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;
General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

Núcleo 2

Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na gestão de Jair Bolsonaro;
Fernando de Sousa Oliveira – ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do DF;
Filipe Garcia Martins Pereira – ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência;
Marcelo Costa Câmara – coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro;
Marília Ferreira de Alencar – delegada da Polícia Federal e ex-subsecretária de Segurança Pública da Distrito Federal; e
Mário Fernandes – general da reserva do Exército e “kid preto”.

Núcleo 3

Bernardo Romão Correa Netto (coronel);
Estevam Theophilo (general);
Fabrício Moreira de Bastos (coronel);
Hélio Ferreira (tenente-coronel);
Márcio Nunes De Resende Júnior (coronel);
Rafael Martins De Oliveira (tenente-coronel);
Rodrigo Bezerra De Azevedo (tenente-coronel);
Ronald Ferreira De Araújo Júnior (tenente-coronel);
Sérgio Ricardo Cavaliere De Medeiros (tenente-coronel);
Wladimir Matos Soares (policial federal).

Núcleo 4

Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército;
Ângelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército;
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal;
Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército;
Guilherme Marques de Almeida – tenente-coronel do Exército;
Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército e
Marcelo Araújo Bormevet – agente da Polícia Federal.

Eles foram denunciados pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

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