Mãe de menino arrastado por funcionárias de clínica cobra por justiça

Após o episódio de violência sofrido por um menino autista de 8 anos, arrastado pelas pernas por funcionárias da clínica Única Kids, onde fazia terapia, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), a família da criança tem cobrado por justiça e, além disso, por mudanças na legislação para que casos como esse não se repitam.

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Em uma reunião na tarde dessa quinta-feira (22/5) na Câmara Legislativa (CLDF), um dia após o ocorrido, os pais do menino se encontraram com o presidente da  Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Autismo, deputado distrital Eduardo Pedrosa (União Brasil), e reforçaram que essa luta coletiva.

“Temos feito isso pelo nosso filho, mas, também, para que nenhuma outra criança passe por essa situação. Independentemente de classe social, qualquer uma delas merece suporte do Estado”, afirmou a mãe do menino, Heloísa Cervo.

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Presas pela ação, as duas funcionárias da clínica que puxaram a criança pagaram fiança de R$ 3 mil, cada uma, e acabaram liberadas. Para os pais, esse fato gerou mais angústia diante da possibilidade de que o ato fique impune.

Ainda durante a reunião, o deputado Eduardo Pedrosa afirmou que apresentará propostas legislativas focadas na melhoria da fiscalização e da capacitação de profissionais em instituições que recebem crianças com deficiência ou transtornos.

Representantes da organização Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab) participaram do encontro e defenderam que o caso seja tratado como um exemplo negativo da “negligência histórica com a pauta da inclusão”.

Psicóloga e coordenadora do Moab em Brasília (DF), Michelle Andrade reforçou os impactos emocionais da violência para os indivíduos e cobrou o desenvolvimento de mais estruturas públicas para acolhimento de crianças neurodivergentes.

“É importante frisar a importância desse acontecimento e dos desdobramentos dele para o público infantil. Especialmente infantil”, completou.

Posicionamentos

Por meio de nota divulgada nas mídias sociais, a Única Kids divulgou que os “eventos correspondem a condutas isoladas, que não refletem os valores e o compromisso inabalável da clínica com a ética, o cuidado humanizado e a excelência no atendimento aos pacientes”.

“Gostaríamos de enfatizar que, desde o conhecimento dos fatos, medidas administrativas foram adotadas para preservar a integridade e a confiança da nossa equipe, bem como auxiliar as autoridades responsáveis na elucidação dos fatos. Por fim, a clínica preserva o direito das profissionais envolvidas à ampla defesa e ao contraditório”, acrescentou a instituição.

Além disso, o Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP-1/DF) se solidarizou com a família e destacou que repudia “qualquer violação de direitos humanos, sobretudo por profissionais da área”. A entidade destacou, ainda, que processos investigativos e disciplinares conduzidos pela instituição têm caráter sigiloso.

“Concluída a apuração, a/o profissional poderá sofrer penalidades de advertência, multa, censura pública, suspensão do exercício profissional e até cassação do registro para o exercício profissional, no caso de pessoas físicas, e cancelamento do registro ou cadastramento, no caso de pessoas jurídicas”, concluiu o CRP-1/DF.

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