BC não deveria fazer movimento brusco nos juros em momento de incerteza, diz Galípolo

O Banco Central não deveria fazer movimentos bruscos na política monetária, considerando o ambiente de incerteza, e por isso pregou cautela na condução dos juros, disse nesta sexta-feira o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo.

Em seminário organizado pelo Centro de Estudos Monetários da Fundação Getulio Vargas (FGV) e Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Galípolo afirmou que neste momento de calibragem do ciclo de política monetária, ganha mais peso para a convergência da meta de inflação a discussão sobre o período que a Selic vai permanecer em patamar bastante contracionista.

“O balanço de risco não se restringe a contar quantos riscos de baixa e de alta a gente tem. Ou seja, é importante também fazer uma avaliação qualitativa sobre os efeitos da materialização daquele risco”, disse, em um seminário da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Galípolo afirmou que o fato de haver três riscos para cada lado, por exemplo, pode ser acompanhado de uma dispersão maior, ou de caudas maiores. “Isso também tem de ser considerado”, ele reiterou.

No seu último ciclo de comunicações, o Copom apresentou três riscos para cima e três, para baixo à inflação. Mas informou que os riscos para os dois lados estão mais elevados do que o usual. Na ata, destacou que houve um debate sobre se o balanço ainda seria um pouco assimétrico, ou neutro.

O chefe do BC também destacou hoje que pode haver um ruído nas estatísticas enquanto agentes tentam se proteger das tarifas. Ele argumentou que é necessário observar se essa incerteza tem impactos no sentido de postergação de investimentos, por exemplo.

Também destacou que, em meio ao receio global com as tarifas, é importante monitorar a resposta de grandes economias com espaço fiscal para reagir. Ele citou como exemplo a Alemanha e a China, que vêm tentando impor maior relevância dos seus mercados domésticos na economia.

“No caso da Alemanha, você enxerga o mercado global vendo com bons olhos o volume de emissão de títulos, como uma oportunidade para diversificação do seu portfólio, e também, mesmo com isso, uma discussão se as taxas longas talvez não sejam afetadas negativamente a partir da visão de que os investimentos feitos para a Alemanha podem aumentar o potencial da Alemanha”, citou.

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)

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