Ancestralidade e desafios enfrentados por cientistas negras na universidade pautam bate-papo em Novo Hamburgo

A ancestralidade e a importância da participação da mulher negra na ciência foram temas de um bate-papo que ocorreu na última quarta-feira (21), na Sociedade Cruzeiro do Sul, em Novo Hamburgo. A psicóloga Monique Machado e a pós-doutoranda em Diversidade e Inclusão Social, Caroline de Castro Pires, dominaram a conversa, mediada pela professora Denise Azeredo e pela acadêmica de psicologia Tatiane Roman.

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Pint of Science ocorreu em Novo Hamburgo  | abc+



Pint of Science ocorreu em Novo Hamburgo

Foto: Bruna de Bem/GES-Especial

Monique e Caroline iniciaram o bate-papo contando um pouco sobre suas trajetórias acadêmicas, a dificuldade de encontrar autores negros, o racismo estrutural, entre outros temas. Monique ingressou na universidade já atuante em pautas sociais, que faziam parte de sua rotina, sendo a única menina negra em seu bairro e na escola. “Já cheguei na universidade com essa gana e no primeiro semestre causei esse desconforto do conhecimento, questionando por exemplo, sobre a saúde mental da população negra”, conta.

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Psicóloga, Monique, falou sobre as dificuldades na área da pesquisa | abc+



Psicóloga, Monique, falou sobre as dificuldades na área da pesquisa

Foto: Bruna de Bem/GES-Especial

Caroline comentou sobre como sua infância humilde influenciou sua carreira na ciência. Sua família sempre reforçou a importância da educação para que ela pudesse mudar de vida. Seu sonho, desde criança, era ser professora e, hoje, é uma renomada educadora antirracista.

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“Há 20 anos, entrei na universidade particular por cota social. Essa foi uma porta de entrada para seguir em frente. Na época, se facilitava a nossa entrada na faculdade, mas dificultavam nossa permanência”, relembra ao comentar as dificuldades da academia duas décadas atrás.

Perspectivas

Os relatos das participantes contribuíram para ampliar a perspectiva do público presente, provando que mudanças estruturais na sociedade ocorrem por meio da educação. “São muitos os desafios enfrentados pelas mulheres negras na ciência, nosso reconhecimento e para sermos enxergadas”, comenta Monique, que, em sua área, a psicanálise, não tem muitos autores negros. Por isso, precisou estudar muito e questionar preconceitos enraizados nas teorias.

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A nutricionista Anna Oliveira, 25 anos, se formou no ano passado. Hoje, é mestranda na Universidade Federal do RS (Ufrgs) e acredita que deve manter seu trabalho e sua luta nessa pauta. “Essa rede de apoio formada aqui é muito importante. Devemos pensar na ciência de forma racial, ver que é importante e necessário o saber ancestral”, afirma.

Pint of Science

O evento “Sementes de Conhecimento: A Contribuição das Cientistas Negras para a Sabedoria Ancestral” fez parte do Pint of Science, um festival que anualmente leva o debate sobre ciência a bares e espaços culturais ao redor do mundo. Em Novo Hamburgo, esse evento internacional é promovido pelo projeto de extensão Aruanda, da Universidade Feevale, que tem como objetivo dar voz, visibilidade e representatividade à população negra.

Conforme o coordenador do Aruanda, Edemilson Pujol, o evento de cunho científico ocorre sobre qualquer tema. “É um papo informal em um bar, com a participação de acadêmicos e sempre com um assunto específico e a participação de pessoas que podem contribuir com nossas pautas”, explica ele, que também é professor de gastronomia e turismo da Feevale.

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