Viagem ao exterior já está mais cara para o brasileiro; confira análise de especialista sobre aumento de IOF

6884 Viagem ao exterior já está mais cara para o brasileiro; confira análise de especialista sobre aumento de IOF

Governo interrompeu plano de redução gradual do IOF para operações fora do Brasil (FreePik/Jcomp)

Quem está fora do Brasil e usou o cartão de crédito nesta sexta-feira (23), já está pagando o IOF mais caro.

O anúncio do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras, feito na noite noite de ontem (22) pelo Governo para equilibrar as contas públicas, fez não só o mercado reagir de forma negativa, como deixou viajantes apreensivos.

Para esclarecer o impacto no bolso do brasileiro fora do país, o M&E conversou com o economista Alex André. O cenário não é animador.

“A medida impacta diretamente o bolso do brasileiro que tem planos de viajar para fora do país. Em termos bem práticos, diria que vai ficar mais caro planejar e executar sua viagem internacional.”

O que sofreu aumento?

• alíquota de 5% para quem investe mais de R$ 50 mil por mês (R$ 600 mil por ano) em planos de previdência privada do tipo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL);

• alíquota de 3,38% para 3,5% por operação para cartão de crédito e débito internacional, cartões pré-pagos e cheques-viagem;

• alíquota de 1,1% para 3,5% por operação para compra de moeda em espécie e remessa para conta de contribuinte brasileiro no exterior;

• aumento da alíquota para saída de recursos do país em operações não especificadas de 0,38% para 3,5% por operação (para entrada alíquota ficou mantida em 0,38%).

O economista explica que a grande mudança é a unificação da alíquota do IOF para 3,5% na maior parte das operações de câmbio ligadas ao turismo: “Desde aquela compra de dólar ou euro em papel moeda, passando pelos gastos com cartão de crédito, débito ou pré-pago internacional, até as remessas que você faz para carregar dinheiro em contas digitais no exterior, como Wise ou Nomad”.

A principal desvantagem para o turista está justamente naquelas modalidades que antes eram mais baratas. “Comprar moeda em espécie ou enviar dinheiro para essas contas digitais tinha uma alíquota de IOF bem menor, de 1,1%. Agora, essa taxa subiu para 3,5%. Isso, na prática, elimina a vantagem de IOF que as contas digitais tinham sobre os cartões tradicionais”, enfatizou Alex.

“Pense bem: para carregar US$ 1.000, o imposto que seria cerca de R$ 63 antes, agora salta para perto de R$ 200. É um aumento considerável.”

Cartão de crédito

Para quem já usava bastante o cartão de crédito ou pré-pago, a alta imediata na alíquota é pequena, passando de 3,38% para 3,5%. “No entanto, um ponto crucial que o turista precisa entender é que o governo interrompeu aquele plano de redução gradual do IOF para essas operações. A previsão era que essa alíquota chegasse a zero em 2028. Então, além de um pequeno aumento agora para cartões, perde-se a perspectiva de ter o imposto zerado nas viagens futuras.”

Desincentivo

Alex esclarece que a justificativa do Governo para essa medida passa pela busca por uma ‘isonomia de tratamento’ entre as diferentes formas de levar dinheiro para o exterior e pela necessidade de aumentar a arrecadação para ajudar no cenário fiscal do país. Mesmo com o recuo parcial em outras áreas do IOF que afetavam investimentos de empresas, por exemplo, o aumento para as operações de câmbio destinadas ao turismo foi mantido.

DICA DE QUEM ENTENDE DO ASSUNTO

“O recado para o turista brasileiro é claro: é preciso reajustar o planejamento e o orçamento da viagem. Seja qual for a forma que você escolher para levar seu dinheiro para o exterior seja em espécie, cartão ou conta digital, a alíquota de IOF será de 3,5%”, finalizou.

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