VÍDEO: “Deixaram minha filha morrer aos poucos”, lamenta mãe de adolescente que morreu 15 dias após parto em hospital do Vale do Sinos

“Uma menina amorosa, que nunca deu trabalho. A melhor filha que eu poderia pedir a Deus era ela”, assim é descrita Kauany Ventura de Vargas, de 16 anos, pela mãe, Catieli Ventura, 35. A adolescente morreu por complicações no pós-parto, duas semanas após dar à luz à primeira filha no Hospital Sapiranga.

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Menina será criada pelo pai e pela avó materna | abc+



Menina será criada pelo pai e pela avó materna

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

Agora, Catieli luta por justiça, alegando que houve negligência médica. “Se eles tivessem dado atenção quando começou a febre, talvez tivessem salvado a vida dela. Como que mandam embora pra casa sem fazer exames?”, questiona.

A mulher relata que, durante uma reunião com a diretoria do hospital após a morte da filha, teria sido dito a ela que “erros acontecem”.

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“Eu concordei, disse que errar é humano. Mas esse erro estava custando a vida da minha filha. Eles tiveram a chance de reverter o erro na quarta-feira [do dia 7 de maio] quando estivemos aqui e nada foi feito. Deixaram minha filha morrer aos poucos. Acredito que se tivessem dado a atenção certa, ela teria uma chance. Mas não, a cada dia eu vi a minha filha morrer um pouquinho. Morreu de um jeito irreconhecível”, relata.

A mãe lembra que a jovem não tinha problemas de saúde e que a gestação foi tranquila do início ao fim. “Ela era muito sadia e teve uma gravidez normal. Eu levei ela para ganhar nenê, e hoje não tenho mais ela. Era para ser um momento de felicidade, a gente fica feliz pela nenê estar bem, mas minha filha não volta mais”, conta, emocionada, Catieli.

“Ela me falava: ‘mãe, me ajuda a sair daqui’”

Agora, a bebê, que conviveu apenas quatro dias com a mãe, será criada pelo pai, Taylor Silva, 19, e pela avó materna. Na casa da família, permanecem as lembranças e o vazio. A única foto de Kauany com a filha e a mãe, tirada dois dias após o parto, está em um porta-retrato com uma mensagem de Dia das Mães.

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“Saber que hoje não tenho mais ela, dói. Eu entro em casa e vejo as coisas dela… ela não volta. A filhinha dela está aqui. E ela me falava antes de ser entubada: ‘mãe, me ajuda a sair daqui. Eu quero pegar minha filha no colo, eu ainda não fui mãe dela’. É um anjo que vai crescer sem a mãe, mas que nós vamos fazer de tudo para preencher esse amor”, declara .

Investigação

Em meio ao luto, Catieli afirma que quer justiça não apenas por Kauany, mas por outras mulheres que, segundo ela, também padeceram com o mesmo profissional. “Eu quero justiça para a minha filha e para todas as que sofreram nas mãos dele [obstetra que fez o parto].”

Ela registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e contratou uma advogada para dar seguimento no caso. “Até agora a polícia não me deu nenhum retorno. Mas eu não vou deixar assim. Eu quero tirar o direito dele [do obstetra] de exercer essa profissão, porque não adianta ele só sair do hospital.”

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O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) abriu, nesta quarta-feira (21), uma sindicância para apurar a morte de Kauany. A entidade ressalta que tomou conhecimento do caso após ele ser noticiado em veículos de comunicação e que irá investigar os fatos. O prazo para o fim da sindicância não foi informado.

O que diz o hospital

Em nota, o Hospital Sapiranga informou que está sensibilizado com o caso e prestou acolhimento à família desde o início. Disse ainda que todos os fatos estão sendo analisados com as equipes médicas e de segurança do paciente, e que segue comprometido com a transparência, o bem-estar dos atendidos e com o esclarecimento à família.

Abaixo, confira a nota na íntegra:

Estamos profundamente sensibilizados e solidários com os sentimentos da família envolvida, que desde o início foi acolhida com empatia e atenção.

Afirmamos que estamos comprometidos em analisar minuciosamente todos os fatos relacionados ao caso, o que vem sendo feito junto à família, às equipes médicas e de segurança do paciente, as quais estão empenhadas em avaliar, de forma cuidadosa, toda a trajetória da paciente na instituição, desde o primeiro atendimento prestado.

Ressaltamos nosso compromisso com a verdade e transparência das informações, bem como com a saúde, bem-estar e confiança de todos que buscam pelos nossos serviços, seguimos à disposição da família para os esclarecimentos necessários.

Confira, em vídeo, o relato da mãe de Kauany:

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