Black Friday acabou: análise revela os desafios e oportunidades do varejo

A Black Friday movimentou o varejo brasileiro, com crescimento das vendas do varejo estimado entre 8% e 16% para o setorn nesse período. No entanto, Paola Oliveira, analista e sócia da GTI, alerta que os números devem ser analisados com cautela, especialmente ao avaliar o impacto nas perspectivas futuras do setor. Segundo ela, a sazonalidade e os descontos aplicados durante o período promocional podem distorcer a percepção de vendas no último trimestre.

Black Friday e Natal: dinâmicas diferentes

De acordo com Oliveira, é importante entender que a Black Friday não necessariamente representa um aumento real nas vendas totais do varejo. “Quem comprou um celular na Black Friday dificilmente vai comprar outro no Natal. Esse período promocional permite ao varejista diluir as vendas, mas não muda o cenário geral”, explica.

Outro ponto destacado pela analista é a diferença de margem de lucro entre os dois períodos. “Enquanto no Natal as vendas são feitas, em grande parte, a preço cheio, a Black Friday trabalha com descontos. Isso pode gerar o mesmo volume de vendas, mas com margens reduzidas”, acrescenta.

Crédito restritivo e estoques baixos

Paola Oliveira também chama atenção para dois fatores macroeconômicos que impactam o varejo. “O ambiente de crédito ainda está bastante restritivo, mesmo com sinais de melhora na inadimplência. Isso não significa que as empresas estejam com apetite para expandir o crédito”, afirma.

Por outro lado, a especialista vê como positivo o fato de as empresas terem reduzido seus estoques, uma estratégia que reflete uma adaptação ao cenário macroeconômico desafiador. “O varejo fez a lição de casa, ajustando os níveis de eficiência e se preparando para incertezas. Estoques menores significam menos pressão sobre o fluxo de caixa, o que é saudável para as operações”, destaca.

Perspectiva cautelosa para ações do setor

Embora os números da Black Friday tenham demonstrado crescimento no mercado, a especialista mantém uma visão conservadora em relação ao setor varejista. “Não estou empolgada para investir em ações de varejo apenas com base nos resultados da Black Friday. O contexto macroeconômico ainda impõe muitos desafios, e os resultados do período promocional não são um indicativo isolado de recuperação sólida”, conclui.

A análise de Paola Oliveira reforça que a Black Friday, embora importante para movimentar o mercado, não altera fundamentalmente o cenário para o varejo brasileiro. Com o crédito ainda restrito e margens apertadas devido aos descontos, as empresas do setor precisam continuar ajustando suas estratégias para enfrentar o cenário econômico desafiador e manter a sustentabilidade no longo prazo.

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